A revista, porém, não
identificava o local e usava a foto apenas para fazer menção a uma
terrível estiagem que assolava o Nordeste desde o início da década de 1950, a
“seca de 52”, que chegava a níveis catastróficos no ano da fotografia
(provavelmente 1952, como veremos adiante).
Será em Queimadas? Continuei me perguntando, ou será mera paranóia
nossa, na tentativa vã de achar uma imagem da terrinha publicada em algum
periódico nacional. Afinal, quantas centenas de milhares de lugares não há com
as características vistas na fotografia.
Tempo depois, achei outra imagem
na mesma MANCHETE e que me trouxe a mesma sensação anterior, achando que aquele
ambiente era conhecido, todavia, ficamos na mesma dúvida. De novo a revista não
identificada o local.
Essa serra, essas pedras, esses
contornos, tudo é muito familiar – repito. Mas até então nada assegurava que
pudesse ser em Queimadas e dessa forma fui estudar as duas fotos, para procurar
elementos nelas que pudesse me dar uma resposta segura. Foi aí que percebi que
uma imagem, no mínimo, completava a outra. Na primeira um leito seco de um
açude no pé de uma serra. Na segunda, de forma mais ampliada, a dita serra com
pouca vegetação (o que indica desmatamento), e algumas moradas.
Pela primeira foto, obvio, é
impossível identificar o local, porém a chave do enigma está na segunda, pelas
condições enumeradas acima. Em ambas vamos achar uma casa branca próximo a uma
pedra, uma árvore um pouco inclinada para a direita, algumas formações rochosas
interessantes, e outros elementos. Por fim, na segunda foto, pode-se ver uma
pedra meio arredondada no centro da imagem e esta me chama a atenção e me deixa
mais convencido que era em Queimadas. Posso imaginar, entretanto, que alguém da
famosa revista MANCHETE do Rio de Janeiro passou por aqui e fotografou essas
paisagens queimadenses, que seria o antigo açude, naquele instante seco e com
pessoas trabalhando em sua limpa, o que mostra a imagem um; e parte da serra que
fica a oeste da cidade, na abertura que dar acesso ao sítio Guritiba, local
conhecido como a “estrada da Pedra do Letreiro”, na foto dois.
Num terceiro momento encontrei
outro número da revista, e neste um elemento fundamental para encerrar as
minhas especulações e dúvidas, era a edição de 14 de março de 1953. Fiquei sabendo
por esse exemplar que ao terminar o ano de 1952, dois repórteres da MANCHETE – um fotografo e um jornalista –, estiveram em nossa região, cobrindo os efeitos
daquela seca que beirava uma catástrofe nacional, e que numa série de
reportagens, eles contaram para o Brasil o drama de um povo ameaçado de morrer
de fome e de sede. Na edição citada, os dois repórteres saíram de Campina
Grande (a maior cidade do interior do Nordeste, a época) com destino a
Boqueirão, onde se construía um açude, que era a grande esperança do povo do
lugar, por aquele tempo. Nessa viagem passaram por Queimadas, para ver de perto
a a construção da “estrada de Boqueirão” que estava sendo feita para dar acesso
ao canteiro de obra do açude.
Foi aí, talvez atraído pela
beleza natural do lugar, que eles fizeram as fotos mostradas, fotos estas que
por vezes ilustraram as paginas da MANCHETE, quando o tema era as secas do
Nordeste.
... Em todo trajeto Campina –
Boqueirão, eles fotografaram elementos de nossa região, mas isso é assunto para
outras postagens.
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