Pesquisar este blog

domingo, 30 de setembro de 2012

História das eleições em Queimadas VII

1982 – Tião: liderança absoluta.
Muito embora Saulo tenha feito um governo operoso, voltado para o desenvolvimento urbano e para educação, com realizações não vista nem anterior nem posteriormente a ele, não houve cuidado com o funcionalismo e com a classe política, resultado: o fiasco de seu grupo nas eleições de 82. Basta ver que dos 7 (sete) vereadores eleitos com ele em 76, todos estavam na sua base no início do governo. Depois, quando se ensaiou o rompimento dele com Tião, 2 (dois) edis deixaram seu governo, Assis e Antonio Monteiro, mas Saulo ainda tinha 5 (cinco). No final do Governo, só dois restaram em suas fileiras, Antonio Olímpio e Biu Parasita.
Tião que por sua vez tencionava ser a liderança maior da cidade assistia de camarote a derrocada de Saulo e foi se afastando devagarinho do filho de Seu Carlos e, quando o velho líder faleceu em Fevereiro de 1982, o espaço estava livre – o “Mago” da Guritiba não perdeu tempo, sem constrangimento lança seu nome mesmo sem o apoio da prefeitura, aquela altura muito desgastada.
Tião, ardiloso, sabia que Saulo era o principal empecilho para seus planos políticos, assim trabalhava para que o rompimento acontecesse, sem, entretanto, se afastar definitivamente do governo, alimentando entre os partidários a esperança que ele viesse a ser o candidato de Saulo. E Saulo, por outro lado tinha a intenção de ser Deputado Estadual com o apoio das prefeituras de Queimadas e Boqueirão, onde lá um primo de seu pai, o Sr. Ernesto do Rêgo, era o “manda chuva”. Cá, uma briga interna, que levasse a uma separação do grupo não era interessante para seus planos.
O erro maior de Saulo foi não ter preparado um nome de sua confiança para sucedê-lo, alimentando a esperança de apoios recíprocos com Tião. Ledo engano. Ao se afastar do cargo para disputar a eleição para deputado, ver seu vice Biu Souto com quase toda sua equipe de governo bandear-se para o lado de Tião e ver Tião apoiar Carlos Dunga para deputado em Queimadas. Sem espaços e sem apoio, Saulo desiste, ante uma fragorosa derrota em casa.
Mas Saulo tinha que apresentar um candidato, seus quadros escassearam muito. Ele procura Zé Miranda, dinâmico professor local, a quem tinha feito alguns favores durante seu governo, mas este declina. Por fim o candidato é o jovem advogado Manoel Maria Mendes, com Antonio Olímpio como vice. A dupla não é páreo para Tião, e Queimadas assiste a uma das maiores “lapadas” em política nas suas eleições municipais.
Como já foi dito, os primeiros dissidentes do grupo de Saulo fora Assis Maciel e Antonio Monteiro e que estes engrossaram as fileiras de Tião, principalmente como nomes de voz. Tião sabendo que não seria fácil brigar com seu Carlos (vivo) busca apoio no velho time dos “Vital do Rêgo”, cooptando alguns nomes como o de Zé Pereira, a quem oferece a vice. Mas, parecendo que já havia um acordo anterior, para que esse nome fosse Assis, Antonio Monteiro reage, ensaia um rompimento e é posto como postulante a suplência.
Assim, completo os quadros principais, restava saber se D. Dulce ainda iria lançar candidato, ela o faz – com o nome de Jorge Aguiar Leite na cabeça da chapa tendo como vice a professora Guia Leite.
Essas eleições foram tidas como uma das mais violentas já vista na cidade, superando a de 62. Atentados a bala, intimidações, tentativa de arrombamentos, agressões físicas e uma série de violações praticadas pelos dois grupos dianteiros, principalmente pelo esquema de Saulo, que via uma derrota vergonhosa pela frente, muito embora tivesse o apoio aberto do governo do Estado, onde Patricinho Leal, primo de Saulo, era Secretário de Finanças. 

VOTAÇAO PARA PREFEITO
Tião do Rego (vice – Antonio Monteiro) = 5.774 votos (PDS 1) – eleito.
Manoel Mendes (vice – Antonio Olímpio) = 1.461 votos (PDS 2).
Jorge Leite (vice – Guia Leite)= 591 votos (PMDB).
Eleitores cadastrados: 11.274 eleitores.
Votantes: 8.362 eleitores.
VEREADORES ELEITOS
Gedeão Lopes (Zumbi) (PDS) = 688 votos.
Mario Cardoso (PDS) = 607 votos.
Demontiê (PDS) = 560 votos.
Abel Andrade (PDS) = 515 votos.
Assis Maciel (PDS) = 447 votos.
Severino Araújo (PDS) = 420 votos.
Elilázio Tenório (PDS) = 418 votos.
Raimundo Farias (PDS) = 394 votos.
Anchieta Pachú (PDS) = 374 votos.
Geraldo Pachú (PDS) = 371 votos.
Abdelklim (PDS) = 351 votos.

Diferenças entre os primeiros colocados:
Em número absolutos de votos: 4.313.
Em termos percentuais: 55,1% 

Tião, foto da época, o prefeito eleito.
 
Notícia do jornal "A Gazeta do Sertão" sobre as eleições de Queimadas daquele ano.
Francisco Demontiê Menezes foi protagonista de uma das situação mais inesperadas daquele pleito: sofreu um atentado a bala.
Emília Correia Lima, 344 votos e o último suspiro de Dulce Barbosa. Não se elege.
Vereador Abdelklin do Egito Leão.
Material publicitário de Tião em 1985.
Assis Maciel em 2004 - vereador e tesoreiro da prefeitura: principal aliado de Tião.
 
Depois da derrota de 82, Saulo Ernesto cria, em 1984, uma Fundação que leva o nome de seu pai para lhe dar aporte político em Queimadas. Veja nas fotos abaixo a presença de alguns políticos que se alinhava com ele naquele ano: Antonio Olímpio, Zé Ribeiro, Ricardo Lucena, Edson Batista Lopes, Raimundo Farias e outros.
Material de Campanha de Saulo em 1986: deputado estadual.

As eleições de 1982 foram gerais, ou seja, votou-se de vereador a governador do estado. Veja os números em Queimadas:
GOVERNADOR:
Wilson Braga - 6.526 votos.
Mariz - 648 votos.

SENADOR:
Amir Gaudêncio - 5.125 votos (o candidato de Tião).
Marcondes Gadelha - 1.429 votos (o candidato de Saulo).
Pedro Gondim - 541 votos.
Ney Suassuna - 65 votos.

DEPUTADOS FEDERAIS MAIS VOTADOS:
Alváro Gaudêncio - 5.010 votos (o candidato de Tião).
Antonio Gomes - 1.214 votos (o candidato de Saulo).
Aluísio Campos - 425 votos.
Burity - 196 votos.
Asfora - 106 votos.

DEPUTADOS ESTADUAIS MAIS VOTADOS:
Carlos Dunga - 4.733 votos (o candidato de Tião).
Afrânio Bezerra - 1.200 votos (o candidato de Saulo).
Zé Luiz Júnior - 353 votos.
Manoel Gaudêncio - 170 votos.
Everaldo Agra - 162 votos.
Marcondes, mesmo derrotado em Queimadas foi o senador eleito no Estado.
Burity, ex-governador, teve uma votação pequena em Queimadas mais foi o federal mais bem votado do Estado naquele pleito.

sábado, 29 de setembro de 2012

História das eleições em Queimadas VI

1976 – Inédito: Saulo e Tião do mesmo lado
A “briga” que mais simbolizou as disputas eleitorais em Queimadas foi sem dúvida os duelos entre Saulo e Tião, nos anos 80 e 90. Teve uma época que a cidade era dividida, ou seja, quem não estava de um lado, obrigatoriamente era do outro (outra disputa que promete entrar para a história é a que assistimos entre Carlinhos e Jacó, principalmente pela idade deles, mas também pela forma como ambos se comportam frente ao outro, o que não abre espaço para pensarmos em uma conciliação).

Não sabemos, entretanto, como a rivalidade entre os primos começou - se foi apenas uma disputa pelo poder ou se por trás havia ressentimentos antigos. De certo é que, em 1969 eles estavam em palanques opostos disputando a vaga de vice. Mas, em 1972 Tião foi candidato apoiado pelo pai de Saulo e o próprio Saulo dava palpites no 1º governo Tião, muito embora que alguns observadores já notavam que ambos não se bicavam.
Para as eleições de 76 não havia outro jeito que não apoiar quem Seu Carlos indicasse, e o velho Carlos mandou seu filho ir à luta, Tião era o prefeito e apoiou Saulo, um momento quase único na história: um pedindo voto para o outro nos palanques, nas ruas e nos sítios - casa a casa.
O primeiro governo Tião foi operoso, mas ele começou a colecionar alguns inimigos, a exemplo de Anchita Pachú (pai) com quem travou uma séria disputa na Justiça e, esses opositores ao “Mago”, meio que sem ter para onde ir, ensaiaram uma tímida oposição e foram buscar refúgio em Zé Maria Ribeiro, o candidato derrotado de 72 que, sem muito o que fazer, lançou seu pai Zé Ribeiro como candidato a prefeito, apelando para uma resposta do povo em nome do bom governo que este fizera entre 1966/69, em vão. Saulo ganha com uma ampla maioria.
O grupo “Vital do Rêgo” que começou com o velho Major, passou por Tonito (Vital) e depois teve Zé Maria Ribeiro como líder, chegava ao fim em Queimadas. Seu Carlos, forte, consolidou sua liderança nesse pleito.
A Eleição de 1976 foi a primeira na história de Queimadas a apresentar 4 candidatos na disputa e um dado tem que ser ressaltado aqui: esta foi a última disputa eleitoral de Dona Dulce, fechando assim (mesmo que precoce) uma carreira de 50 anos na política local, iniciada no ano de 1935 quando foi candidata pela primeira vez ao cargo de vereadora de Campina Grande.
VOTAÇAO PARA PREFEITO
Saulo Ernesto (vice – Biu Souto - foto a dir.) = 3.608 votos (ARENA 1) – eleito.
Zé Ribeiro de Albuquerque (vice – Anchieta Pachú) = 1.214 votos (ARENA 3).
Dulce Barbosa (vice – Miro Gonzaga)= 432 votos (MDB 1).
Fernando Gomes (vice – Miro Gonzaga)= 55 votos (MDB 3).
Eleitores cadastrados: 7.080 eleitores.
Votantes: 5.552 eleitores.
VEREADORES ELEITOS
Evilázio Tenório (ARENA) = 654 votos.
Antonio Olímpio (ARENA) = 579 votos.
Assis Maciel (ARENA) = 400 votos.
Antonio Monteiro (ARENA) = 323 votos.
Severino Pedro (Biu Parasita) (ARENA) = 318 votos.
Geraldo Pachú (ARENA) = 311 votos.
Severino Pedro (Pina) (ARENA) = 291 votos.
Diferenças entre os primeiros colocados:
Em número absolutos de votos: 1.244.
Em termos percentuais: 45,1%

Material de campanha de Zé Ribeiro.
 
 Material de Campanha de Saulo Ernesto.
Saulo - prefeito galã.
 Diploma de Saulo - prefeito.

Vereadores e prefeito de Queimadas - 1977/1982.
 Severino Pedro dos Santos, Biu Parasita - vereador povão de 1976.
 Antonio Olímpio - universitário e jovem vereador de 1976.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

História das eleições em Queimadas V



1972 – é Tião com força!
SEU CARLOS SE FIRMA COMO O NOME PRINCIPAL DA POLÍTICA LOCAL
Chegou 72, ano de novas emoções na política local.
O outrora forte grupo de Dulce sucumbira frente ao Regime Militar e as novas forças políticas emergentes na cidade, e os “Vital do Rêgo”, do outro lado, dava sinal de cansaço e estagnação. Assim, o tempo ficou bom para que novas lideranças florescerem. O velho Major havia falecido e Vital (Antonio) estava cassado pelos mesmos Militares. Isso significava dizer que uma nova ordenação política tinha que acontecer em Queimadas.
Tião, o vereador mais votado em 66 e o vice que quase deu a vitória a oposição em 69, se articula: conquista o apoio da juventude e dos estudantes, fala a língua do homem do campo e por fim seduz Seu Carlos (foto a esq.) a lhe prestar apoio. Não deu outra, Tião prefeito com uma boa margem de votos de diferença sobre seu concorrente.
Antes disso, porém, Vital do Rego não se dava por vencido e no afã de mostrar que ainda "mandava", lançou o nome do seu primo Zé Maria Ribeiro na corrida eleitoral, mas a este faltavam os apoios mais fortes, a exemplo de Carlos Ernesto que já estava com Tião “de baixo do braço”. Naquele momento vencer essa dupla era impossível.
Um detalhe: os dois candidatos acima citados não tinham o apoio do prefeito de então, o Sr. Leonardo Honório, já que este havia rompido com o grupo que o elegera e feito um governo independente da ingerência dos lideres locais. Leonardo, só, tentou lançar o nome do dinâmico Padre Bosco (foto a dir.) para sua sucessão, o padre até se alvoroçou, mas “forças ocultas” lhe dissuadiram da idéia e sobrou para ele: foi afastado das atividades litúrgicas da paróquia e em seguida transferido de Queimadas para Pocinhos.
NOTA:
O observadores da política local daquela época apontam que José Barbosa Camões Pinto (foto a dir.) era o nome mais cotado para ser o prefeito eleito em 72, isso se a morte não tivesse o abatido no princípio daquele ano.

VOTAÇAO PARA PREFEITO
Tião do Rego (vice – Antonio Monteiro) = 3.373 votos (ARENA 3) – eleito.
Zé Maria V. Ribeiro (José Pereira) = 1.076 votos (ARENA 2).
Eleitores cadastrados: 4.124 eleitores.
Votantes: 2.942 eleitores.

VEREADORES ELEITOS
Severino Pedro (ARENA) = 1.003 votos.
Manoel Cândido (ARENA) = 726 votos.
Ademilson Leite (ARENA) = 679 votos.
Anchieta Pachú (ARENA) = 433 votos.
Evilázio Tenório (ARENA) = 292 votos.
Marieta Marinho (ARENA) = 210 votos.
Paulo Epifâneo (ARENA) = 202 votos.
Os outros dois que concorreram e não lograram êxito foram Adalto Macário e Manoel Batista Sobrinho.

Diferenças entre os dois candidatos:
- Em números absolutos de votos - 2.297.
- Em termos percentuais -  51,6%.
Tião (1º a dir.) com políticos paraibanos em Brasilia em 1973.
Políticos queimadenses em 1975: assinatura do protocolo para a criação da Maternidade Municipal, nas fotos pode ser visto, entre outros, Patricio Leal, Carlos Ernesto, Tião do Rêgo, Clóves Bezerra, Evilázio Tenório e Saulo Ernesto.
Padre João Bosco: nome preterido na disputa.
Quatro vereadores queimadense da época: Paulo Epifâneo (autor do Hino da cidade), Pina (o vereador de Queimadas com maior quantidade de votos em termos percentuais), Evilázio (o cidadão que mais vezes foi vereador do Município ininterruptamente) e Marieta (1ª mulher vereadora).
Tião do Rêgo, já prefeito, ao lado do padre Miguel Raynand, substituto do Pe. Bosco, em 1973.
Antonio Monteiro - vice prefeito eleito com Tião.
Zé Pereira entrou na política como candidato a vice na chapa de Zé Maria.
Anchieta (pai) - vereador em 1972: oposição a Tião.