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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Nos tempos dos pastoris

Duas imagens dos anos 60 colhidas nos arquivos do ex-vereador Arnaldo Maia. Retrato de um pastoril profano realizado em nossa cidade com o estrado armado na Rua Central, a João Barbosa, para apresentação dos brincantes.
Por trás, ver-se uma bela casa, em estilo colonial. Era a residência do sr. José Roberto, dono do ônibus que fazia a linha Queimadas/Campina. A construção foi derrubada nos anos 70 para da lugar ao posto da antiga Telpa.
Não foi possível, entretanto, descobrir quem são as pessoas que aparecem nas fotos, e assim apelamos para nosso amigos para quem puder, colabore conosco.

O QUE UM PASTORIL?
Uma manifestação folclórica comum nos estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Espécie de dança dramática, como a maioria dos folguedos brasileiros, onde se encontra elementos que representam a morte e a ressurreição da entidade principal, representando uma luta do bem contra o mal, caracterizando a noção de perigo e salvação.

Os Pastoris, originários da Península Ibérica, é por aqui denominados Pastoril Profano, onde há uma disputa entre o cordão azul e o encarnado, revelando um confronto se considerarmos o cordão encarnado como o mais audaz, atrevido, por assim dizer, do que as pastoras do cordão azul.

No meio dos dois cordões, cada um comandado pela Mestra (cordão azul) e Contramestra (cordão encarnado), encontramos a Diana, vestida metade azul, metade encarnado. O Velho, conhecido como Bedegueba, mas que toma diversos apelidos é uma espécie de palhaço de circo, que comanda as jornadas (cantos das pastoras) e se esparrama em piadas, numa atuação que ressalta a improvisação. Seus diálogos com as pastoras são cheios de duplo sentido e, com o público, puxa discussão, brincadeiras, faz trejeitos e canta canções adaptadas às suas necessidades.Dentre os outros personagens do pastoril profano, também desfilavam o Anjo a Estrela do Norte, o Cruzeiro do Sul, a Cigana, além de outras
A também a presença de um leiloeiro vendendo prendas durante o ato.

O AUTO
O auto conta a história das pastoras a caminho de Belém, onde nasceu Jesus. Lusbel lança mão de muitas artimanhas para desviá-las do caminho e só não consegue o seu intento graças às interferências de São Gabriel. Frustrado, Satanás convence Herodes a promover a degola dos inocentes, mas este é castigado porque os soldados matam o seu filho. Herodes se arrepende e é salvo, enquanto o Demônio é mais uma vez derrotado.

O auto é escrito em versos e musicado, com um prólogo, dois atos e um epílogo. As características são as mesmas de um auto sacramental, como já foi dito anteriormente. A comicidade, uma das características mais fortes dos espetáculos populares do Nordeste, aos poucos também foi aparecendo no Pastoril. Talvez para atrair um maior público e deixando os autores com mais liberdade de criação, como disse Hermilo Borba Filho. Com as pastoras divididas em dois cordões, azul e encarnado, possibilitou a formação de partidos que se batiam pelas cores de suas preferências e muitas vezes terminava em pancadaria. O leilão também despertava entusiasmo e quando o pastoril saiu do amadorismo para um certo profissionalismo acentuou-se a sensualidade e sexualidade e era comum um pastoril terminar com o rapto da Mestra, Contramestra ou da Diana.

No Pastoril Profano, só as jornadas iniciais e finais referem-se ao nascimento de Jesus. Mas nem sempre. Dentre as inúmeras versões das jornadas de aberturas, ainda hoje são cantadas assim:

Boa-noite, meus senhores todos
Boa-noite, senhoras também;
Somos pastoras
Pastorinhas belas
Que alegremente
Vamos a Belém.

Sou a Mestra
Do Cordão encarnado
O meu cordão
Eu sei dominar
Eu peço palmas
Peço riso e flores
Ao partidário
Eu peço proteção.

Sou a contramestra
Do cordão azul
O meu partido
Eu sei dominar

Com minhas danças
Minhas cantorias
Senhores todos
Queiram desculpar


A Diana, enquanto mediadora, cantava:

Sou a Diana, não tenho partido
O meu partido são os dois cordões,
Eu peço palmas, fitas e flores
Ó meus senhores, sua proteção.


A origem é no teatro religioso semipopular ibérico, já que tanto na Espanha quanto em Portugal, as datas católicas se transformaram em festas eclesiásticas e ao mesmo tempo em festa popular. Por aqui, comumente são realizadas em festas como Natal, Reis e Páscoa.

FONTE:
http://www.recife.pe.gov.br/especiais/brincantes/8a.html - Acesse clicando aqui.

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