Pesquisar este blog

terça-feira, 7 de junho de 2011

VELÓRIOS

À medida que o tempo passa, as coisas mudam. Costumes, hábitos, ações, enfim, ganham novos contornos ao sabor das modas que ditam as regras de nossa vida social. Quando essas mudanças vêm para melhor, chamamos evolução.
As grandes cidades são as primeiras que se desprendem das "velhas práticas", e estas que passam a serem classificadas como conservadoras ou tradicionais, são substituídas pelas novas tendências, que paulatinamente se espalham, em efeito cadeia, para as localidades menores. Em pouco tempo, quase todo mundo, incorporam as novas idéias.
Para exemplificar, vamos usar um tema meio tétrico, meio tabu - a morte. Antigamente a morte era encarada de uma forma bem mais diferente do que é hoje. Existia todo um respeito por essa condição e por esse momento. Nos velórios, rezas intermináveis para recomendar o corpo, entremeadas por cânticos de "excelências", sem contar os choros. Depois do sepultamento, a família "botava" luto por tempos infindáveis e as missas, para a alma, eram obrigatórias nas datas pré-estabelecidadas. Hoje, no máximo um choro perdido dos familiares mais próximos e isso por pouco tempo. Nem aquelas mortes de maior comoção desperta clamor. Virou banal.

Uma tradição relacionada ao tema, era o ato de se fotografar os defuntos, diga-se de passagem: um grande mau gosto. É isso que retratamos nessa postagem.

Nota: todas as fotos acimas são de pessoas de Queimadas falecidas nos anos 60 e 70.

DO LIVRO " VINGANÇA NÃO" DO PADRE F. PEREIRA NÓBREGA, 3ª ED. 1989, P. 173:

"As estrelas já povoaram o céu. O relógio já marcava 21 horas. Ninguém apareceu, que se dissesse parente, amigo do morto.
Ninguém viria mesmo.
Esquisita, triste, desumana, aquela certeza.
Resolveram então se desfazer daquele objeto sagrado e inútil. Sagrado e incômodo.
Cadáver não é gente. Foi gente.
E, apesar de tudo é sagrado. Infunde respeito, reverência, compaixão. Unge de silêncio e mistérios o ambiente que habita.
O morto está ali, de ninguém, e a cidade inteira se compadece.

Um comentário:

  1. Realmente era muito sem noção esta atitude. Mas não deixa de ser um fato curioso.

    ResponderExcluir