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sábado, 14 de dezembro de 2019

QUEIMADAS NA REVISTA MANCHETE - 1953


Enquanto “folheava” uma antiga revista MANCHETE, disponível na plataforma on line “Memória BN” da Biblioteca Nacional, me deparei com a imagem abaixo, e de pronto pensei: “opa! Esse ambiente é familiar. Será em Queimadas?”.
A revista, porém, não identificava o local   e usava a foto apenas para fazer menção a uma terrível estiagem que assolava o Nordeste desde o início da década de 1950, a “seca de 52”, que chegava a níveis catastróficos no ano da fotografia (provavelmente 1952, como veremos adiante).  Será em Queimadas? Continuei me perguntando, ou será mera paranóia nossa, na tentativa vã de achar uma imagem da terrinha publicada em algum periódico nacional. Afinal, quantas centenas de milhares de lugares não há com as características vistas na fotografia.
Tempo depois, achei outra imagem na mesma MANCHETE e que me trouxe a mesma sensação anterior, achando que aquele ambiente era conhecido, todavia, ficamos na mesma dúvida. De novo a revista não identificada o local.

























Essa serra, essas pedras, esses contornos, tudo é muito familiar – repito. Mas até então nada assegurava que pudesse ser em Queimadas e dessa forma fui estudar as duas fotos, para procurar elementos nelas que pudesse me dar uma resposta segura. Foi aí que percebi que uma imagem, no mínimo, completava a outra. Na primeira um leito seco de um açude no pé de uma serra. Na segunda, de forma mais ampliada, a dita serra com pouca vegetação (o que indica desmatamento), e algumas moradas.
Pela primeira foto, obvio, é impossível identificar o local, porém a chave do enigma está na segunda, pelas condições enumeradas acima. Em ambas vamos achar uma casa branca próximo a uma pedra, uma árvore um pouco inclinada para a direita, algumas formações rochosas interessantes, e outros elementos. Por fim, na segunda foto, pode-se ver uma pedra meio arredondada no centro da imagem e esta me chama a atenção e me deixa mais convencido que era em Queimadas. Posso imaginar, entretanto, que alguém da famosa revista MANCHETE do Rio de Janeiro passou por aqui e fotografou essas paisagens queimadenses, que seria o antigo açude, naquele instante seco e com pessoas trabalhando em sua limpa, o que mostra a imagem um; e parte da serra que fica a oeste da cidade, na abertura que dar acesso ao sítio Guritiba, local conhecido como a “estrada da Pedra do Letreiro”, na foto dois.
Num terceiro momento encontrei outro número da revista, e neste um elemento fundamental para encerrar as minhas especulações e dúvidas, era a edição de 14 de março de 1953. Fiquei sabendo por esse exemplar que ao terminar o ano de 1952, dois repórteres da MANCHETE – um fotografo e um jornalista –, estiveram em nossa região, cobrindo os efeitos daquela seca que beirava uma catástrofe nacional, e que numa série de reportagens, eles contaram para o Brasil o drama de um povo ameaçado de morrer de fome e de sede. Na edição citada, os dois repórteres saíram de Campina Grande (a maior cidade do interior do Nordeste, a época) com destino a Boqueirão, onde se construía um açude, que era a grande esperança do povo do lugar, por aquele tempo. Nessa viagem passaram por Queimadas, para ver de perto a a construção da “estrada de Boqueirão” que estava sendo feita para dar acesso ao canteiro de obra do açude.

Foi aí, talvez atraído pela beleza natural do lugar, que eles fizeram as fotos mostradas, fotos estas que por vezes ilustraram as paginas da MANCHETE, quando o tema era as secas do Nordeste.

... Em todo trajeto Campina – Boqueirão, eles fotografaram elementos de nossa região, mas isso é assunto para outras postagens.

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